Schroders Global Investor Study 2019

Investidores portugueses são conservadores e focam-se demasiado no curto prazo

15 July 2019

De acordo com o Global Investor Study da Schroders*, os portugueses mantêm os investimentos menos tempo do que o recomendado. O horizonte médio de investimento dos portugueses é de 2.3 anos, um valor ligeiramente abaixo da média global (2.6 anos) e da média europeia (2.6 anos), ou seja, cerca de metade do período recomendado, de cinco anos. 43% dos investidores portugueses mantêm os investimentos por menos de um ano. Em termos geográficos, os investidores do Japão, dos EUA e do Canadá são os mais pacientes, com períodos de manutenção de, pelo menos, quatro anos, o que compara com o período de 1.3 anos que caracteriza os investidores argentinos, os menos pacientes.

Os millennials portugueses aparentam ser menos pacientes do que os correspondentes mais velhos. Os primeiros mantêm, em média, os investimentos durante 2.0 anos, enquanto os segundos, baby boomers, o fazem, em média, durante 3.4 anos. Metade dos millennials (50%) entende que o maior perigo associado aos seus investimentos é não assumirem o risco suficiente para alcançarem os objetivos de investimento desejados. Metade dos portugueses inquiridos partilha da mesma ideia.

O estudo também revela que a maioria dos investidores globais (70%) fez mudanças imediatas ao perfil de risco dos seus investimentos durante os três últimos (e voláteis) meses de 2018. A maioria dos portugueses fez o mesmo (66%), movendo os ativos para soluções de menor risco (37%), a mesma percentagem global, enquanto os investidores europeus, de uma forma geral, preferiram fazê-lo para ativos de maior risco (38%), acima daqueles que preferiram os ativos de menor risco (35%). Só 28% dos investidores portugueses moveram os seus ativos para investimentos de alto risco. Estes indicadores demonstram o perfil conservador da generalidade dos investidores portugueses, alguns dos quais perderam a recuperação dos mercados verificada no início de 2019.

Estas características: abordagem de curto prazo e o perfil conservador contrasta com as expectativas de retorno dos investidores portugueses. Os investidores portugueses esperam um retorno total de 10.4% (rendimento e crescimento) por ano, nos próximos cinco anos, uma ligeira subida na já ambiciosa perspetiva de 10.1%, afirmada há um ano. Estes números estão alinhados com os dos investidores globais, que esperam retornos anuais de 10.7% e que são, por isso, mais otimistas do que os correspondentes europeus, que esperam em média um retorno de 9.0%, ao ano. Não surpreende que, de acordo com o estudo, metade dos investidores portugueses (51%) sinta que não alcançou os objetivos de investimento nos últimos cinco anos. É por isso provável que este ano mais portugueses fiquem desapontados.

O estudo demonstra que mais de dois quintos (45%) dos investidores portugueses entende que a melhor estratégia para alcançar os objetivos é recorrer a fundos multiativos, com um portfólio distribuído por múltiplos mercados, regiões e estratégias. O estudo revela também que os fundos temáticos que geram maior interesse junto dos portugueses são os que estão relacionados com Saúde (50%) e Tecnologias Disruptivas (50%). Os fundos dedicados à Economia de Prata (46%), Sustentabilidade (46%) e Consumo (46%) também são populares.

Quando questionados sobre a exposição geográfica dos investimentos, apenas 28% dos investidores portugueses opta por investir a maior parte do seu portfólio no seu país de origem. 30% entende que investir em mercados emergentes pode ser / é benéfico para o portfólio, mas outros 23% acha os mercados emergentes demasiado arriscados para o seu portfólio. De qualquer forma, quase um terço (31%) dos investidores portugueses gosta de ter uma mistura de áreas geográficas no seu portfólio de investimentos.

Os altos e baixos dos mercados vão manter os investidores sempre atentos, mas a chave é concentrarem-se no longo prazo. Cortar e alterar os investimentos, nomeadamente durante períodos desafiantes, será provavelmente prejudicial para a carteira dos investidores e, em última análise, levará a retornos dececionantes. Em vez disso, é fundamental olhar além da incerteza: o objetivo da Schroders é oferecer soluções de investimento que reflitam as necessidades dos investidores, ao longo do tempo, e as suas preferências de risco.

Charles Prideaux, Responsável Global de Soluções e Produtos da Schroders

O estudo demonstra que os investidores portugueses têm elevadas expectativas de retorno. Quase metade dos investidores (45%) espera retornos de, pelo menos, 10% ao ano. O retorno médio do índice S&P 500 é inferior a 8%, desde o seu início, em 1957, por isso, é muito importante que os investidores mantenham expectativas moderadas e um horizonte de investimento longo, assegurando uma adequada dispersão do risco, para que consigam alcançar os seus objetivos de investimento

Carla Bergareche, Diretora Geral da Schroders Portugal e Espanha

* Em abril de 2019, a Schroders contratou a Research Plus Ltd para conduzir uma pesquisa on-line independente com 25.743 pessoas, de 32 países, que investem em todo o mundo. Em Portugal, 500 pessoas foram inquiridas. Esta pesquisa define “investidores” como aqueles que vão investir, pelo menos, 10.000€ (ou o equivalente) nos próximos 12 meses e que fizeram mudanças aos seus investimentos nos últimos 10 anos.

Para aceder ao relatório completo do Global Investor Study 2019 da Schroders, por favor, aceda a www.schroders.pt/estudo-investidores