· Os resultados alcançados em 2022 foram os segundos melhores de sempre, com um total de 470 negócios fechados;
· Europa continua a aproximar-se dos Estados Unidos e concentra 50% das operações nas fases iniciais;
· Principais preocupações identificadas: alterações climáticas, inflação e instabilidade política, que afetam o desenvolvimento da economia e da sociedade. Estas preocupações levaram à procura de soluções de segurança e eficiência.
Lisboa, 09 de maio de 2023 – O mercado de Insurtechs alcançou 8 mil milhões de dólares de investimento em 2022, num total de 470 negócios, o que representa o segundo melhor ano de sempre em termos de volume de acordos. Esta é a principal conclusão do Insurtech Global Outlook 2023, relatório elaborado pela NTT DATA, consultora global de negócios e tecnologia, que reinventa e transforma a atividade das organizações pela inovação. Na edição deste ano, a companhia analisa a situação atual e futura do setor segurador, com destaque para os cinco desafios que a atividade enfrenta: sustentabilidade, cibersegurança, distribuição inteligente, modelos de seguro on-demand e o envolvimento das empresas após as mudanças sociais dos últimos anos.
2021 ficou marcado pela maior maturidade do setor tradicional, que alcançou os 11 mil milhões de dólares em investimento. Por sua vez, também 2022 foi um grande ano, ao registar 8 mil milhões de dólares em investimento, o segundo melhor desde que há registos (2016) – apesar de 28% abaixo do registado em 2021. Os grandes investimentos foram afetados pela "incerteza socioeconómica global": conflitos na Europa, inflação e aumentos das taxas de juro, que provocaram mudanças na vida dos cidadãos em todo o mundo, e em todos os mercados, incluindo o dos seguros.
Nuno Albuquerque e Castro, Partner, Head of Insurance Practice da NTT DATA Portugal, salienta que "analisamos o setor Insurtech há sete anos e, apesar de toda a incerteza socioeconómica, os níveis de investimento continuam elevados o que demonstra a capacidade de adaptação da atividade às alterações de mercado, no sentido de suportar o setor nos desafios que têm emergido. O ecossistema segurador tem sido capaz de compreender os benefícios dos novos modelos, bem como de relevar a importância de questões fundamentais para esta indústria, tais como: a cibersegurança e a sustentabilidade, que terão cada vez mais impacto a médio e longo prazo. Esta é uma tendência que vai ganhar cada vez mais força".
Europa aproxima-se dos EUA graças a investimentos em fases iniciais
A Europa continua a reduzir a distância em relação aos Estados Unidos, registando-se, atualmente, a menor diferença de sempre entre as duas regiões. De facto, o continente concentrou 50% das operações de 2022 em empresas nas fases iniciais de 2022, com o Reino Unido, Alemanha e França, seguidos pela Itália, Espanha e Suíça a serem os países mais ativos em rondas de financiamento (com destaque para as áreas de inovação, seguros integrados e saúde mental).
Se 2021 ficou marcado por uma onda de inovação liderada pelos Estados Unidos, em 2022 os seus investimentos diminuíram, em parte, devido à mudança de foco das Startups Insurtech do país, que estavam orientadas para a redução de despesa. Esta aproximação do mercado europeu ao mercado norte-americano justifica-se pelo investimento em empresas que se encontram numa fase inicial, que foram as que menos sofreram este ano. Principalmente, devido à procura de investimento em modelos orientados para a rentabilidade e não para o crescimento, visando um maior retorno nas fases iniciais do que em outros anos.
Entretanto, as Insurtechs europeias orientaram-se para mercados com maior rentabilidade e linhas de negócio focadas em tendências. Quanto ao resto do mundo - Ásia, África e América Latina - tem havido um ligeiro crescimento nos últimos anos em empresas que se encontram em fases iniciais.
O setor dos seguros está a experienciar uma evolução sem precedentes e a avançar na utilização de tecnologias. De acordo com o relatório, há quatro tecnologias que registaram um especial crescimento em 2022. Estas tecnologias resolvem desafios distintos no setor segurador, incluindo a integração de diferentes players num ou mais ecossistemas através de APIs, analítica e análises preditivas, assim como diagnósticos de saúde, uma tecnologia que utiliza dados de saúde e análises para fazer face aos desafios presentes e futuros, melhorando a personalização e a tomada de decisão nos processos.
Cinco desafios futuros, decorrentes do comportamento do setor Insurtech
Toda a informação analisada nesta edição do relatório ajuda a compreender como o setor Insurtech encara os novos desafios que se avizinham, com destaque para o ecossistema dos seguros, nomeadamente, os comportamentos analisados em todas as fases de maturidade, juntamente com o crescimento verificado neste último período e os movimentos do setor que fazem do investimento o segundo maior valor histórico.
Esta análise destaca os cinco grandes desafios do setor Insurtech, que revelam as preocupações e as áreas em que este se vai concentrar:
· Sustentabilidade: as mudanças climáticas são identificadas como o primeiro risco no setor, uma vez que os fenómenos naturais catastróficos que têm ocorrido nos últimos anos causaram perdas significativas. Por conseguinte, as seguradoras devem identificar e desenvolver soluções centradas no clima, identificando três áreas de ação: assegurar a transição para o Net Zero, criar soluções de transferência de riscos para riscos físicos crescentes e adaptar os serviços.
A tecnologia desempenha um papel fundamental, uma vez que as seguradoras utilizam IoT, stationary sensors, dados de radar ou sonar, visão computacional, drones, gémeos digitais, machine learning e análise estatística, para prever e mitigar o risco de desastres naturais, e prevenir e reduzir a perda de vidas humanas, bens e recursos.
· Distribuição inteligente: A distribuição é um fator chave para se conseguir uma maior retenção de clientes e lucros mais elevados. Neste sentido, ter parceiros no setor da distribuição dá às seguradoras acesso a um novo mercado - dentro de um mercado existente - graças à possibilidade de oferecer produtos à base de clientes do distribuidor. Para o proprietário do canal, os benefícios materializam-se no cross-selling, sem ter de tentar desenvolver o mesmo produto.
· Riscos digitais: Os ciberataques estão a aumentar 50% em relação ao ano passado, levando muitos governos a estudar novas leis, apesar de a Europa apresentar a taxa de adoção mais elevada, com 91%. Neste contexto hiperligado, as empresas procuram novas formas de se defenderem de ataques nocivos e de investirem em proteção, especialmente para garantirem a segurança dos dados, que constitui a base fundamental e a motivação essencial da subscrição de seguros.
Embora a cibersegurança nos seguros não seja uma linha de negócio tradicional, devido ao elevado custo das tecnologias aplicadas, a realidade é que, no contexto atual, o investimento das seguradoras em insurtechs multiplicou seis vezes nos últimos três anos. Este facto é motivado pela visão de futuro da prevenção de riscos, também cibernéticos, e nos dispositivos IoT, que é um desafio que não pode ser descartado.
· Modelos de seguro on-demand: A simplicidade dos modelos on-demand aumenta a probabilidade de se subscrever um seguro em 58%, e a indústria deve tirar partido destes novos modelos para aumentar a sua capacidade de atingir um público mais vasto. Neste sentido, a tecnologia desempenha um papel fundamental para o crescimento deste modelo, para automatizar tarefas não essenciais em produtos de subscrição (45% afirmam já tê-lo utilizado para estes fins), enquanto 35% indicam que a sua carga de trabalho diminuiu graças às soluções digitais.
· Envolvimento das empresas na sociedade após as mudanças sociais dos últimos anos: após os acontecimentos sociais dos últimos anos (com especial destaque para a pandemia COVID-19), os consumidores consideram que o bem-estar é um fator mais importante do que nunca. A adoção de tecnologias digitais em questões relacionadas com o bem-estar não para de crescer, e a prova disso é que 71% dos consumidores consideram provável a utilização de cuidados virtuais (18% mais do que em 2021).
Neste sentido, as empresas são obrigadas a ser socialmente responsáveis, especialmente em assuntos relacionados com a saúde. Os investimentos em seguros empresariais, com destaque para os de saúde, continuam a crescer de forma contínua desde 2015, o que denota que o mundo dos negócios tem noção da importância das empresas estarem comprometidas com o bem-estar.
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