O estudo realizou-se entre abril e dezembro de 2022 e contou com a colaboração de 15 entidades financeiras, entre bancos e seguradoras.
Lisboa, 23 de janeiro de 2023 - A NTT DATA, consultora global de negócios e tecnologia, que transforma as organizações pela inovação, acaba de apresentar o “Estudo Adoção Cloud no Setor Financeiro em Portugal”, que resultou da auscultação de 15 entidades financeiras, - bancos e seguradoras presentes no mercado nacional -, entre abril e dezembro de 2022. Esta análise revela que, apesar de se verificar uma evolução positiva na adoção de serviços cloud em Portugal, as entidades financeiras debatem-se com desafios inerentes à escassez de recursos humanos especializados e ao esforço requerido para a modernização dos seus parques aplicacionais.
Este panorama ultrapassa o setor financeiro, e de acordo com o Eurostat, as entidades a operar em Portugal encontram-se 9% abaixo da média europeia (36% vs 45% em 2021), apesar de, em 2018 estarem em linha com a prática das congéneres europeias.
Estes dados do Eurostat revelam que as organizações portuguesas não estão a conseguir adaptar-se ao mesmo ritmo que as suas pares europeias, o que pode levar a uma maior divergência em termos de competitividade, a nível internacional.
Numa análise mais detalhada, constata-se que um dos motivos que poderá justificar este atraso se prende com a dimensão das empresas presentes no mercado português. A menor dimensão pode não justificar a adoção deste tipo de serviços, em determinadas situações. De resto, 71%[footnoteRef:2] das grandes organizações já utilizam serviços cloud, o que compara bem com a média da União Europeia, que se encontra ligeiramente acima - 74%. No entanto, este segmento foi o que teve um menor crescimento desde 2019 (18%). [2: Organizações com mais de 250 empregados, de acordo com a escala adotada pelo Eurostat]
Evolução do mercado financeiro em Portugal
95% das entidades inquiridas assumem estar num processo de avaliação da adoção de serviços cloud, enquanto apenas 5% afirma não ter intenção, a curto ou médio prazo, de optar por esta tecnologia. Estes indicadores demonstram que existe, atualmente, um movimento comum de análise e integração de cloud, por esta tecnologia se apresentar como uma opção credível de transformação dos sistemas, independentemente da dimensão da instituição e dos diferentes níveis de adoção, seja a utilização de cloud apenas para projetos específicos (12%), a exploração das potencialidades da tecnologia através de provas de conceito (PoCs) e estudos (24%) ou da integração de cloud como uma das opções tecnológicas estratégicas da entidade (64%).
Em termos de perspetivas para o futuro, importa referir que, atualmente, o nível de integração da tecnologia nas entidades do sector já se encontra em níveis bastante significativos, com 76% das entidades a reconhecerem ter entre 10% a 40% dos seus processos suportados em cloud e cerca de 18% a afirmar que mais de 40% das suas aplicações já se encontram na cloud. Caracterizando o tipo de utilização, 18% das entidades que participaram neste estudo, afirmam suportar os ambientes não produtivos em tecnologia cloud, 47% afirma deter sistemas periféricos/ não core em cloud, enquanto 53% já apresenta esta tecnologia a desempenhar funções de suporte direto a processos de negócio.
Desafios e oportunidades da adoção de cloud
Independentemente do tipo de utilização, quando se avalia a adoção de serviços cloud, os fatores que são apontados como desafios à sua implementação são, essencialmente, os associados à complexidade e risco na migração dos sistemas legacy, pela obrigatoriedade de direcionar uma parte muito significativa do orçamento de IT para essa atividade. Nesse sentido, várias organizações apontam que 2/3 do orçamento atual é direcionado à manutenção de estruturas mainframe: contratos, parques aplicacionais e sistemas, reconhecendo também a escassez de talento na área. Numa perspetiva tecnológica existem ainda algumas dúvidas relativas à latência associada à convivência entre sistemas suportados em clouds distintas ou on cloud / on prem e incertezas relativamente à interoperabilidade dos sistemas.
Apesar dos desafios, as entidades inquiridas destacam como principais oportunidades da transição para a cloud:
· A elasticidade da infraestrutura, ou seja, a capacidade de adequar de forma ágil a disponibilidade do serviço às necessidades de processamento e armazenamento requeridas pelos sistemas, o que reduz os constrangimentos à sua evolução (70%);
· A inovação tecnológica, na medida em que permite o alinhamento da arquitetura e da infraestrutura com os padrões mais inovadores, permitindo às organizações aceder a um ecossistema de soluções técnicas de última geração (65%);
· O controlo de custos, consequência do modelo pay-as-you-go e da visibilidade dos custos e consumos dos serviços cloud, que oferecem uma capacidade de otimização e avaliação de retorno mais completa do que a existente nos modelos tradicionais (55%).
Jorge Miguel Tavares, Diretor na área de banca da NTT DATA Portugal, afirma que “este estudo demonstra que as entidades financeiras em Portugal reconhecem o valor da transição para a cloud, estão a fazer um esforço para modernizar os seus sistemas informáticos, tirando partido desta tecnologia, mas, a dimensão das organizações, a complexidade dos sistemas legados e a escassez de talento qualificado está a atrasar esta mudança, o que pode comprometer a competitividade das organizações a prazo, na comparação com as congéneres europeias e com os novos players do mercado.”
Pedro Miguel Cruz, Diretor na área de Tecnologia da NTT DATA Portugal, acrescenta: “Numa altura em que assistimos ao surgimento de novas tecnologias que permitem criar novos modelos de negócio e melhorar a experiência final do cliente, é fundamental que as organizações possuam um plano estratégico para fazer evoluir os seus sistemas, dotando-os da flexibilidade necessária para responder às exigências de cada momento. É neste contexto que a transição para a cloud se apresenta como fundamental.”
O panorama internacional
Numa análise global, e de acordo com a Gartner, os Estados Unidos são, desde 2015, o país que tem servido de referência relativamente à adoção de cloud prevendo-se que, já em 2022, 14% dos investimentos de IT sejam em serviços cloud. Considerando o continente europeu, é possível concluir que é nos países Nórdicos (Suécia, Finlândia, Dinamarca e Noruega) que as organizações registam uma maior adoção de tecnologia cloud. Contudo, é de salientar o crescimento verificado em países como a Itália, que passou de 23% de organizações a utilizarem serviços cloud, em 2018, para 60%, em 2021. Também a Polónia passou de 11%, em 2018, para 29%, em 2021. Em ambos os casos, houve um crescimento superior a 160% no número de organizações que passaram a utilizar serviços cloud no seu dia-a-dia.
Conheça o relatório completo https://pt.nttdata.com/templates/download-cloud-adoption-report