· Com a nova unidade, a EntoGreen vai reforçar o conhecimento na utilização de insetos como matéria-prima para a criação de soluções que procuram contribuir para a sustentabilidade do sector agroalimentar.
· Criação de 11 postos de trabalho para recursos humanos altamente qualificados.
· Unidade de I&D integra projeto bioindustrial, que representa um investimento total de 13,7 milhões de euros.
A Entogreen, empresa nacional focada na economia circular no setor agroalimentar, inaugura hoje a sua Unidade de Investigação e Desenvolvimento (I&D), em Santarém, que vai criar 11 postos de trabalho para recursos humanos altamente qualificados.
Este novo centro de investigação integra um plano de investimento mais alargado que a empresa está a implementar em Santarém, que inclui uma unidade bioindustrial para transformar 36.000 toneladas de desperdício vegetal em proteína e fertilizante, através da Mosca Soldado-Negro. Um investimento total de 13,7 milhões de euros que criará cerca de 60 postos de trabalho.
A unidade de I&D, agora inaugurada, permitirá à EntoGreen continuar a desenvolver conhecimento na utilização de insetos como matéria-prima para a criação de soluções que procuram contribuir para a sustentabilidade do sector agroalimentar, resolvendo dois grandes problemas globais: a escassez nutricional e os desperdícios alimentares.
A EntoGreen tem atualmente vários projetos já a decorrer nesta unidade de I&D, tanto projetos financiados no âmbito do Portugal 2020, como no âmbito do H2020 e EEA Grants, congregando conhecimentos científicos de topo a nível nacional com o detido por especialistas internacionais.
Todos os projetos financiados atualmente em curso na unidade de I&D da EntoGreen têm o mesmo fio condutor, contribuir para a sustentabilidade do setor agroalimentar. De entre os projetos em curso destaca-se o projeto NETA, um projeto liderado pela EntoGreen no âmbito do Portugal2020 mas que junta mais 6 entidades de diversos pontos do país. O projeto NETA, com um investimento global de 2,5M€ visa contribuir para encontrar soluções circulares para o tratamento de águas residuais do setor agroindustrial, onde se destacam as águas geradas em lagar. Este projeto visa criar um processo de base biológica para reintroduzir nutrientes que seriam desperdiçados de volta à cadeira de valor.
Além deste projeto de cariz nacional, a EntoGreen integra destaca ainda dois consórcios internacionais por entre aqueles em que participa, o RECOVER, um projeto Horizonte2020 que visa a eliminação de plásticos agrícolas e a criação de novos fertilizantes orgânicos, e o projeto InFishMix, um projeto financiado no âmbito do EEA Grants, sendo liderado por outra empresa de insetos portuguesa, a Thunder Foods, e visando o desenvolvimento de rações para peixes com base em insetos, reduzindo a dependência de recursos marinhos na produção de pescado em aquacultura.
“Este investimento vai permitir que a EntoGreen se mantenha no topo da tecnologia de produção de insetos a nível internacional, ao mesmo tempo que contribui para a afirmação nacional deste setor ao nível europeu.” afirma Daniel Murta, CEO da EntoGreen. “Cerca de um milhão de toneladas de alimentos são desperdiçados por ano em Portugal, as quais podem ser convertidas em produtos essenciais a diversas indústrias e com enormes ganhos económicos e ambientais. Ao conseguirmos alargar e fomentar o nosso projeto de investigação estamos a contribuir para combater esse desperdício e a procurar soluções mais sustentáveis para o sector, gerando mais valor com base nos mesmos recursos”, acrescenta.
Num claro exemplo de economia circular no setor agroalimentar, a EntoGreen deu foi pioneira no combate ao desperdício alimentar através de uma abordagem inovadora na utilização de insetos como ferramenta de bioconversão, convertendo subprodutos agroindústrias alimentares (que teriam como destino o aterro ou compostagem), em fertilizantes orgânicos e produtos para alimentação animal.
Os primeiros passos foram dados com o projeto de inovação, 100% assente em I&D nacional, que permitiu conquistar o reconhecimento, quer científico, quer industrial, do seu processo e dos produtos resultantes do mesmo, comprovando que é possível criar valor e unidades fabris inovadoras assentes em investimentos de base científica e tecnológica.
A proteína de inseto e os fertilizantes orgânicos são os principais produtos da EntoGreen. A proteína de inseto é destinada principalmente à indústria das rações para animais (domésticos, peixes, aves e suínos) e os fertilizantes a produções agrícolas, nomeadamente de hortícolas e árvores de fruto, permitindo reduzir a percentagem de importações realizadas atualmente neste setor.
A sessão de inauguração da unidade de I&D da EntoGreen contou com a presença da Diretora Geral de Alimentação e Veterinária, Susana Pombo, que durante a sua intervenção fez uma breve referência à relevância do recurso a insetos na alimentação animal, focando o papel que os mesmos podem ter no futuro do setor agroalimentar em Portugal.
A inauguração da unidade e o simbólico descerrar da placa comemorativa foi realizado pelo Presidente da Câmara Municipal de Santarém, Ricardo Gonçalves, que após este momento assumiu o encerramento da sessão, focando o contributo que o sector nascente dos insetos poderão ter para a região e para o país.
O evento contou com a presença de cerca de 100 convidados nos quais se destacavam líderes de empresas e de centros de investigação nacionais. Este investimento da EntoGreen, que rondou 1 milhão de euros, foi realizado com o intuito de aumentar a capacidade da empresa para criar sinergias e colaborar com outras entidades, tendo Daniel Murta, CEO da empresa, acrescentado que “a nova unidade de I&D da EntoGreen é feita de colaboração e para colaborar”, no final da sua intervenção.
EntoGreen lidera consórcio que quer colocar Portugal na vanguarda da indústria dos insetos
A EntoGreen lidera a Agenda Mobilizadora InsectERA, um consórcio que junta 40 entidades em torno do setor dos insetos, que pretende colocar Portugal na vanguarda desta indústria do futuro, 100% assente em conhecimento e tecnologia portugueses.
O consórcio pretende desenvolver a industrialização, comercialização e exportação de produtos inovadores à base de insetos, não só com soluções para a área alimentar, mas também para as indústrias da cosmética e dos bioplásticos, bem como para o setor da biorremediação, através da criação de soluções de valorização de resíduos orgânicos.
Para tal, avançou com uma candidatura de cerca de 60 milhões de euros ao Programa de Recuperação e Resiliência português, para acelerar o desenvolvimento do sector. O investimento, a um horizonte de quatro anos, prevê alocar mais de 20 milhões de euros a I&D sendo que a maioria do investimento será investimento produtivo e sob a responsabilidade das mais de 20 empresas parceiras. Este investimento permite criar três novas unidades produtoras de produtos derivados de insetos, uma fábrica de quitosano e um centro logístico, estruturas que se estima que gerem cerca de 150 novos postos de trabalho diretos e várias dezenas de milhões de euros em receitas em 2025.