Lisboa, 09 de setembro de 2025 – A prestação de cuidados de saúde requer mais recursos em todas as suas vertentes, em praticamente todos os países. O número de novos médicos e enfermeiros não acompanha o aumento da procura, impulsionado por uma população envelhecida e com mais doenças crónicas. Os orçamentos são limitados e os profissionais de saúde estão sobrecarregados.
“Em Portugal, enfrentamos os mesmos problemas que em qualquer outro lugar”, afirma Manuel Bosch Arcos, CTO do grupo Ribera, entidade privada de saúde com 16 hospitais e 74 centros médicos em Espanha, Portugal e Europa Central, que atende mais de dois milhões de pacientes por ano. Para responder ao aumento da procura e aos custos associados, o grupo Ribera aposta em dados e tecnologia, com ajuda da Microsoft, para melhorar os sistemas de saúde disponibilizados aos seus pacientes.
“Uma parte essencial da empresa é a tecnologia”, refere Bosch. “Não somos uma empresa de saúde tradicional. Temos contratos com o governo baseados na qualidade dos cuidados, o que nos permite ser mais inovadores. Precisamos de dados sólidos para garantir que o que fazemos é benéfico para os pacientes, para a empresa e para o sistema de saúde.”
O grupo Ribera vê a tecnologia e os dados como ferramentas para transformar o sistema de saúde. “O que estamos a fazer é repensar os dados e a forma como os cuidados de saúde podem ser adaptados, e fazê-lo em tempo real”, acrescenta.
Uma pequena percentagem de pacientes representa uma grande parte dos custos com cuidados de saúde, devido a doenças crónicas, muitas vezes múltiplas. Melhorar a saúde destes pacientes é vantajoso para o sistema e, naturalmente, para os próprios.
A Futurs, filial tecnológica do grupo Ribera, criou o portal Cynara Citizen não apenas para realizar as tarefas habituais dos portais hospitalares — como marcação de consultas, carregamento de resultados laboratoriais, colocação de questões ou realização de teleconsultas via Microsoft Teams — mas também para coordenar um centro de gestão de unidades, com foco na atenção ao paciente, onde os intervenientes se podem reunir para desenvolver um plano de saúde digital personalizado e monitorizá-lo adequadamente.
As múltiplas camadas da tecnologia Cynara
Cynara é o nome do tipo das alcachofras, muito apreciadas na zona sul de Alicante, onde se encontra a equipa de desenvolvimento inicial. Além disso, o nome serve como metáfora para as várias funcionalidades do portal, que se sobrepõem como as folhas de uma alcachofra, explica Bosch. O uso das ferramentas da Microsoft pelo grupo Ribera tem camadas semelhantes às desta planta. Utiliza o Dynamics 365 Contact Center, modelos OpenAI para projetos de IA generativa, ferramentas do Azure Machine Learning para aplicações de IA não generativa, Microsoft Fabric, Dynamics Business Central e Microsoft 365 Copilot.
“Em Portugal, no Hospital de Cascais, estamos a implementar as capacidades de IA disponíveis no grupo Ribera. Os primeiros passos centraram-se na análise de dados e, até 2026, iremos implementar algumas capacidades do Cynara Citizen como parte da estratégia de gestão da saúde da população”, afirma Manuel Bosch Arcos.
Através do Cynara Citizen, os profissionais de saúde do grupo Ribera podem acompanhar os indicadores de saúde dos pacientes, com especial atenção aos que têm doenças crónicas, permitindo intervir rapidamente sem esperar pela próxima consulta. Alguns pacientes com doenças crónicas tendem a não agir até que a sua condição se agrave, ao ponto de terem de recorrer às urgências. Com o Cynara Citizen, os profissionais podem verificar remotamente os indicadores médicos essenciais e comunicar proativamente com o paciente sobre o que deve fazer para evitar uma emergência médica.
“Ligámos a aplicação aos resultados clínicos”, explica Bosch. “Os pacientes estão a conseguir um melhor controlo da glicemia e recorrem menos às urgências.” Segundo o grupo, os pacientes de nível 3 — os casos mais complexos de doenças crónicas — inscritos no Programa de Gestão da Saúde da População do Cynara Citizen, registaram uma redução de 23% nas idas às urgências e uma diminuição de 18% nos reingressos hospitalares em 30 dias, comparativamente ao ano anterior ao lançamento do Cynara Citizen. Estes pacientes estiveram no programa clínico, otimizado com tecnologia, durante pelo menos 12 meses. O grupo Ribera comparou o uso dos serviços antes e depois da inclusão no programa.
De forma mais geral, o Cynara Citizen, ferramenta desenvolvida pelo grupo Ribera com tecnologia da Microsoft, pode reduzir lacunas nos cuidados de saúde, ajudando os pacientes a seguir os seus planos de saúde e diminuindo a probabilidade de recorrerem às urgências. Ao visualizar em tempo real, por exemplo, uma descida de glicemia num paciente diabético, os profissionais do grupo Ribera podem contactá-lo e garantir uma reação antes que os níveis desçam ao ponto de ser necessário chamar uma ambulância ou o paciente entrar em coma. Os pacientes conhecem os profissionais que acompanham o seu caso, podendo enviar-lhes mensagens e marcar consultas. O grupo Ribera acredita que os pacientes sentem que estão a receber cuidados de qualidade e têm bom acesso ao serviço, comenta Bosch. A aplicação funciona sobre o Microsoft Azure, permitindo o acesso fácil e seguro por parte de pacientes e profissionais, a partir de praticamente qualquer lugar.
O investimento ativo do grupo Ribera em IA
O Cynara Citizen é apenas uma das formas como o grupo utiliza tecnologia. Há mais de quatro anos que investem ativamente em Inteligência Artificial com três objetivos: classificar dados, refiná-los para obter melhores resultados e fazer previsões. Espera-se que o machine learning classifique a informação e que médicos e pacientes compreendam melhor os casos clínicos, conseguindo, por exemplo, identificar padrões que indiquem elevada probabilidade de reingresso hospitalar, permitindo ajustar os cuidados. O grupo Ribera desenvolveu um modelo com Azure Machine Learning para identificar pacientes em risco de desenvolver úlceras de pressão, uma preocupação nos hospitais. Outro modelo prevê o risco de quedas.
“A vantagem é que, ao utilizar modelos, é possível recolher muito mais informação. Não apenas cinco itens, mas até 30, usando variáveis difíceis de encontrar, pois podem estar nos resultados laboratoriais e seria impossível para uma pessoa recolhê-los manualmente”, afirma Mireia Ladios Martín, Diretora de Qualidade no grupo Ribera. As ferramentas de IA complementam as escalas tradicionais de identificação de riscos.
Por exemplo, o grupo Ribera quis identificar pacientes que poderiam ter desenvolvido uma infeção após cirurgia. Para isso, uma equipa médica analisou cada paciente operado e registou se teve infeção após 30 ou 60 dias. Depois, foi usada mineração de dados para identificar tudo o que estivesse relacionado com a infeção. O modelo resultante atribui uma pontuação a cada paciente, permitindo identificar os que devem ser acompanhados mais de perto para confirmar ou excluir a infeção.
A IA generativa também pode criar conteúdos. Neste âmbito, o grupo está a explorar vários projetos para aliviar a carga administrativa dos médicos. Um deles utiliza IA para gerar documentos de alta em procedimentos rotineiros, como cirurgias às cataratas, com o objetivo de libertar os médicos de tarefas administrativas e permitir-lhes dedicar mais tempo ao cuidado direto dos pacientes.
O grupo Ribera anonimiza completamente os dados e trabalha com a Microsoft para garantir a segurança dos mesmos, bem como os fundamentos éticos e legais da IA no contexto dos cuidados de saúde. “Devemos ser muito cautelosos com a privacidade dos pacientes, com o tipo de informação que enviamos, onde e como”, afirma Bosch, acrescentando que o grupo analisa cuidadosamente a justificação para o uso da IA em aplicações corporativas e de saúde, garantindo que seja ética e legal.
Bosch compara o uso da IA no grupo Ribera a um taxista que utiliza GPS: o condutor — ou, neste caso, o médico — continua a tomar decisões, mas a tecnologia ajuda a acelerar o processo e a reduzir o stress.
“Há mais procura do que aquela que o sistema de saúde atual consegue satisfazer”, conclui Bosch, “por isso temos de fazer mais e melhor com os mesmos recursos. Precisamos de ser mais eficientes e gerar mais valor.”
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