· Mais de metade dos inquiridos estão preocupados com o impacto que a incerteza geopolítica e a inflação poderão ter no desempenho das suas carteiras, nos próximos 12 meses;
· 35% dos inquiridos esperam, nos próximos dois anos, aumentar a alocação em ativos privados, sendo que dois terços acreditam que esta classe de ativos funcionará como uma fonte mais consistente de diversificação;
· Aproximadamente metade dos investidores globais acredita que as infraestruturas e os ativos renováveis estão melhor posicionados para captar oportunidades de investimento de médio prazo na área da transição energética;
· Em todos os mercados, os investidores institucionais necessitam de mais apoio dos seus gestores externos para os ajudar a “navegar” pelos investimentos sustentáveis e com impacto.
Alocações em rota de mudança face à persistência da inflação e da incerteza geopolítica
Os investidores, a nível global, pretendem aproveitar as oportunidades de investimento proporcionadas pela transição energética, à medida que demonstram apetência crescente pelos ativos privados, revela o Schroders Institutional Investor Study, um estudo que abrangeu 770 investidores em 36 territórios, incluindo Portugal, com ativos que ascendem a 34,7 biliões de dólares.
Constituindo um importante indicador de tendências de investimento, este estudo identificou que a inflação e a incerteza geopolítica continuam a ser preocupações bem presentes na mente dos investidores, isto apesar das expectativas que tinham há um ano, de que ambas as pressões se reduzissem. Os resultados deste estudo mostram agora que mais de metade antecipa, para os próximos 12 meses, um maior impacto destes dois fatores - incerteza geopolítica e subida da inflação – no desempenho das suas carteiras.
Não é surpreendente que assim seja, uma vez que a descarbonização, as mudanças demográficas e a “desglobalização” têm, todos eles, perfil para poder manter a inflação elevada. Em paralelo, estas tendências macroeconómicas estão a levar os investidores a alterar as alocações dos seus portefólios.
Por exemplo, em resposta à crescente tendência de “desglobalização”, mais de metade procurará investir em empresas com cadeias de abastecimento mais localizadas, sendo as ações de mercados desenvolvidos (32%) e o capital privado (23%) consideradas as melhores oportunidades nos próximos anos.
Adicionalmente, a maioria dos inquiridos (65%) acredita que um dos principais benefícios de investir em ativos privados é obter uma fonte de diversificação mais profunda nos próximos dois anos. Esta é uma das razões que leva um terço dos inquiridos a considerar um aumento das suas alocações nesta classe de ativos para este horizonte temporal.
As oportunidades de investimento nascidas da transição energética
Os investidores acreditam que a transição para a neutralidade carbónica lhes traz oportunidades significativas. Mais de dois terços (67%) dos inquiridos a nível global consideram provável ou altamente provável que a transição energética estimule o investimento em inovação, criando importantes oportunidades de investimento.
Cerca de metade acredita que as infraestruturas / energias renováveis estão mais bem posicionadas para capturar as oportunidades de investimento apresentadas pelas tendências de descarbonização a médio prazo. Com esta classe de ativos preparada para beneficiar da revolução das tecnologias verdes, 41% afirmar que prevê aumentar as alocações em infraestrutura nos próximos 12 meses.
Maior é ainda a percentagem (mais de metade) dos que estão proativamente à procura de oportunidades de investimento trazidas pela transição energética e pela revolução tecnológica com ela relacionada, através de uma maior exposição em ativos privados. Da mesma forma, quando questionados sobre as razões pelas quais considerariam investir em estratégias de sustentabilidade e impacto, dois terços estão interessados em investir em novos setores, como as soluções baseadas na natureza e o hidrogénio verde, para obterem maior diversificação das carteiras e expandirem a sua exposição a novos temas e classes de ativos.
Abordagens-chave ao investimento sustentável
Os investidores podem adotar uma variedade de abordagens para aceder ao investimento sustentável, refletindo os seus valores e objetivos de investimento – e esta é uma área repleta de termos com diferentes interpretações. No nosso estudo, os investidores institucionais afirmaram estarem cada vez mais interessados no investimento temático e em dirigir a sua atenção aos investimentos de impacto.
A maioria dos investidores acredita que as estratégias de sustentabilidade e impacto apoiarão o seu objetivo de obter retornos financeiros a longo prazo (o que é simplesmente um bom negócio) e 43% destacam que ter um impacto positivo nas pessoas e no planeta é um dos principais catalisadores para o investimento sustentável.
Os investidores identificaram que as infraestruturas (44%) e o capital natural & biodiversidade (41%) são as classes de ativos mais adequadas, dentro dos ativos privados, para alcançarem os seus objetivos de sustentabilidade e impacto, com este foco a aumentar à medida que se amplia o seu horizonte de investimento.
O presente estudo demonstra, no entanto, que é necessário apoio para ajudar os investidores a investir com de impacto, sendo a medição um desafio fundamental. Três quintos dos investidores (60%) acreditam que ter um impacto facilmente mensurável e compreensível é o critério mais importante na alocação a investimentos focados no impacto. Além disso, mais de metade identificou a falta de padronização em termos de processos, ferramentas e métricas, entre outros, como o maior obstáculo para investir em estratégias de ativos privados centradas em investimentos sustentáveis.
É necessário maior apoio para atingir as metas de neutralidade carbónica
Embora metade dos inquiridos globais já tenha integrado nas suas carteiras compromissos direcionados a alcançar a neutralidade carbónica, um pouco mais de um quinto (21%) afirmou não ter intenção de o fazer.
De facto, os investidores com base na região EMEA – Europa, Médio Oriente e África – são os que se mostram mais empenhados em alcançar a neutralidade carbónica até (ou antes de) 2050 e os que estão a prosseguir com estratégias dirigidas a metas intermédias (39%). Já a maioria dos inquiridos sem este tipo de compromissos estava nos EUA (44%).
Transversalmente em todos os mercados, é sentida a necessidade de ter mais apoio para conseguir mensurar e monitorizar os roteiros para a neutralidade carbónica. Cerca de metade dos inquiridos acredita que a sua organização precisa principalmente de apoio para medir e monitorar o caminho que está a conseguir percorrer rumo à neutralidade carbónica, um aumento de 51% em relação aos 37% do ano passado.
Os resultados mostraram que 49% dos investidores acreditam que também é necessário um maior consenso em torno dos enquadramentos e metodologias para medição dos percursos para a neutralidade carbónica, para que possam cumprir os seus compromissos.
De acordo com Johanna Kyrklund, Diretora de Investimentos do Grupo:
"Os mercados continuam a ser afetados por preocupações com o aumento das taxas de juro e receios de riscos recessivos. O estudo constatou que as alocações dos investidores institucionais em ações podem aumentar, à medida que procuram capitalizar as oportunidades apresentadas pelas tendências da “desglobalização”, da descarbonização e da demografia. Com receio de que a inflação e as taxas de juros permaneçam elevadas, as avaliações têm importância. Pode ser necessário um renovado foco nas avaliações em vez do crescimento especulativo.
"De uma forma mais abrangente, em termos de impacto no desempenho do portfólio, o estudo constatou que questões como o aumento da inflação, as políticas monetárias restritivas, os conflitos globais e a estagflação estão cada vez mais no radar dos investidores. Estes são fatores que a Schroders, com a sua gestão ativa, está também a considerar, para maximizar os resultados para os seus clientes em todo o mundo. Acreditamos, mais uma vez, que este é o momento para sermos criteriosos, analíticos e centrados nas avaliações."
Andy Howard, Diretor Global de Investimentos Sustentáveis da Schroders, destacou que:
"Neste sétimo ano de realização do estudo, começamos a observar algumas novas tendências, que emergem à medida que os investidores continuam a prosseguir e evoluir na sua abordagem à sustentabilidade. Entre as tenências reveladas, importa destacar que os investidores institucionais estão cada vez mais focados nas exposições e impactos temáticos dos seus investimentos. Isto significa que estão agora mais dispostos a fazer uma abordagem mais flexível ao investimento sustentável do que no passado. Consideram cada vez mais a integração como um dado adquirido e, em vez dela, querem aproveitar oportunidades mais direcionadas.
“À medida que o mundo lida com esta nova mudança de regime e que as tendências de “desglobalização”, descarbonização e demografia se afirmam no panorama de investimento, os temas da sustentabilidade estão a tornar-se cada vez mais importantes, criando oportunidades para empresas e para os investimentos que oferecem produtos e serviços sustentáveis. Em resultado, os investidores procuram identificar e alocar capital nesses temas emergentes que cruzam o investimento sustentável.
“A sustentabilidade é um tema complexo e amplo, além de que está em constante mudança, seja através de novos resultados de investigação, da expansão dos dados disponíveis, da regulamentação ou da ação governamental. No presente cenário, não podemos ficar parados. Continuaremos a rever as prioridades e expectativas dos nossos clientes e as melhores práticas de mercado para garantir que podemos continuar a avançar."
Nils Rode, Diretor de Investimentos da Schroders Capital, salientou que:
"O estudo deste ano mostra que os investidores lidam com mais incerteza. Os níveis de confiança foram abalados pela instabilidade e imprevisibilidade da geopolítica, bem como pela delicada tarefa enfrentada pelos bancos centrais de conter a inflação, evitando consequências indesejadas. Parece-nos que os investidores estão certos em serem cautelosos, porém devem começar a encarar este ambiente disruptivo não como uma fase temporária, mas como o surgimento de uma nova era. O que é claro a partir dos resultados do estudo é que muitos investidores continuam a ser atraídos por ativos privados como forma de se envolverem na evolução do cenário macroeconómico e de acrescentar resiliência aos seus portfólios.
"Private equity, empréstimos privados e ativos reais - tanto em infraestruturas como em imobiliário - foram as áreas em que os investidores assumiram estar mais propensos a investir no próximo ano e nos seguintes. Em termos de temáticas, os investidores estão cientes de que os ativos privados estão diretamente ligados a tendências duradouras (de perturbação e de progresso), que serão impulsionadas pelos rápidos avanços esperados na tecnologia de Inteligência Artificial, pela transição energética e pela descarbonização, bem como pelas alterações demográficas. O relatório destaca ainda o envolvimento dos investidores nas tendências de “desglobalização”, que – beneficiando as empresas com cadeias de abastecimento mais localizadas - também reforçam as alocações em ativos privados.
"Acreditamos que estas tendências são centrais para identificar oportunidades de criação de valor neste novo contexto em que vivemos. Estamos, por isso, a dar prioridade a estratégias alinhadas com esses temas, com baixa correlação com os mercados de ações, pouca ou nenhuma dependência de alavancagem e múltiplas opções de saída. Já observámos áreas com muita procura e demasiado capital a competir por poucos negócios, com múltiplos de entrada inflacionados... existem muitas oportunidades para aplicar capital em áreas mais atrativas. No caso da dívida, a retração dos bancos levou as dinâmicas de procura mudassem a favor da concessão de privados, que podem definir termos preferenciais e garantir retornos sólidos.”
Sobre o presente estudo
A Schroders delegou à CoreData a condução e realização deste seu sétimo Estudo a Investidores Institucionais, para analisar as principais áreas de foco e preocupação dos maiores investidores do mundo, incluindo clima macroeconómico e geopolítico, expectativas de retorno, alocação de ativos e atitudes em relação a ativos privados e investimentos sustentáveis.
Os inquiridos (770 a nível global) representam um amplo conjunto de instituições, incluindo planos de pensões corporativos e públicos, companhias de seguros, instituições oficiais, fundações e instituições de beneficência, que, conjuntamente, são responsáveis coletivamente por ativos no valor de 34,7 biliões de dólares. A pesquisa foi conduzida através de um extenso inquérito global durante maio e junho de 2023.
