Os Aon’s 2021 Risk Maps mostram que risco de terrorismo e de violência política vai aumentar no pós-pandemia

· A edição 2021 do relatório anual da Aon conclui que a vacinação, o alívio das restrições entre fronteiras e o impacto económico e político da pandemia vão gerar um aumento do risco de ocorrem episódios de terrorismo e de agitação civil.

· Também o risco político aumentou em 2021, devido à inflação nos países em desenvolvimento, ao recuo na implementação de medidas de recuperação verde, e ao alargamento das disparidades no rendimento per capita entre países em desenvolvimento e países desenvolvidos.

A Aon, empresa líder mundial de serviços profissionais nas áreas do risco, reforma, saúde e pessoas, acaba de divulgar a edição 2021 dos Aon’s Risk Maps, um relatório anual desenvolvido em conjunto com a Continuum Economics e a Dragonfly, e que tem como objetivo identificar e analisar os riscos políticos, de terrorismo e de violência política em todo o mundo, como forma de ajudar as empresas a enfrentar o impacto destes desafios na sua atividade.

De acordo com esta investigação, 60% dos países em todo o mundo estará exposto a alguma forma de agitação civil durante o ano de 2021, um cenário que contrasta com a realidade registada em 2020, período em que os confinamentos e restrições na circulação transfronteiriça contribuíram para um decréscimo dos episódios de terrorismo e protesto. No total, apenas 45% dos países incorreu no risco de terrorismo e sabotagem no ano passado.

No relatório perspetiva-se ainda que o aumento do risco já apontado para este ano venha a agravar-se em 2022, devido à convergência da vacinação em massa e do alívio das restrições contra a pandemia com o impacto económico e político da Covid-19. Além destes fatores, também a escala da intervenção governamental, as desigualdades económicas e o descontentamento da população face à resposta dos governos à pandemia continuarão a desempenhar um papel fundamental na crescente agitação global, tal como refere o relatório da Aon.

Na lista de países analisados, Portugal mantém-se como um dos países com menor risco de terrorismo e de agitação civil a nível mundial, juntamente com outros territórios, dos quais destacamos o Luxemburgo, a Dinamarca, a Irlanda, a Islândia, a Noruega, a Finlândia e a Nova Zelândia. Já o risco severo é registado, sobretudo, em países do continente africano.

Não diferente do risco de terrorismo e de agitação civil é o risco político, que também aumentou entre 2020 e 2021, sobretudo pelo crescimento significativo da inflação nos países em desenvolvimento, pelo recuo na implementação de medidas de recuperação verde para o pós-Covid, e pelo alargamento da disparidade ao nível do rendimento per capita entre países em desenvolvimento e países desenvolvidos – este último provocado pelas campanhas de vacinação ainda lentas e insuficientes nestes países. Da avaliação do nível de risco efetuada pela Aon, foram identificados sete países em que o risco político se agravou, com destaque para o Quirguistão, que passou de um nível de risco político ‘elevado’ para ‘muito elevado’, enquanto a República Dominicana, Gana, Macedónia do Norte e Montenegro passaram para o risco ‘elevado’. Pelo contrário, nenhum dos países analisados registou qualquer tipo de melhoria.

Relativamente às políticas verdes, o risco está diretamente relacionado com o impacto que a carga fiscal de resposta à pandemia teve no combate às alterações climática, uma realidade que levou a que, no final do ano passado, menos de metade dos signatários do Acordo de Paris conseguissem cumprir com as metas estipuladas no sentido de limitar o aumento da temperatura média do planeta para 1,5° acima dos níveis pré-industriais. Outro dos riscos apontados pelos Aon’s Risk Maps é a crescente vulnerabilidade das cadeias de abastecimento dos mercados fronteiriços, que estão a ser cada vez mais afetadas pelas alterações climáticas e pelos fenómenos naturais extremos, para além do impacto da Covid-19 nestes mesmos mercados, que gerou saldos fiscais mais amplos, aumento da inflação e maiores encargos com a dívida.

Para Diogo Teixeira, Credit Solutions Manager da Aon Portugal, “os resultados dos Aon’s Risk Maps demonstram que enfrentamos hoje um cenário ainda mais preocupante do ponto de vista do risco geopolítico, que em anos anteriores. Se, por um lado, a Covid-19 e a própria gestão do risco pandémico vieram abrandar alguns dos riscos que preocupavam os países, como o terrorismo, por outro lado vieram agravar, ainda mais, alguns dos desafios que a nossa sociedade já enfrentava, desde logo a concretização das políticas de sustentabilidade. Apesar da aceleração da vacinação – ainda que esta seja residual em alguns países em desenvolvimento – e da perspetiva de retoma das economias, importa às empresas estar especialmente atentas a esta fase de rescaldo do combate à pandemia, por forma a perceberem como é que a insurgência civil ou futuras políticas governamentais podem impactar o setor empresarial e, por sua vez, a sua atividade”.

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